Doze mil almas penadas foram ouvir Bolsonaro e aliados lançarem as mesmas mentiras de sempre, durante manifestação na avenida Paulista, neste domingo 29 de junho. O fracasso do evento atesta o cansaço das multidões diante da repetição de uma estratégia que roda e roda e não sai do lugar. É uma péssima notícia para Jair Messias, que tenta uma “virada de mesa” – naqueles termos pregados pelo general Heleno.
A pressão das ruas seria o grande fator que poderia soterrar os fatos em favor do ex-presidente. Era com esse cenário que a turma da ultradireita contava ao apostar nesses palanques fora de hora. Mas, à medida que o calendário avança, o povão vai perdendo entusiasmo. O esvaziamento dessa jogada é uma pancada sobre o Jair.
O que os bolsonaristas tinham a dizer no último domingão? O de sempre. Com a velha truculência verborrágica, políticos e picaretas da fé (aqueles pastores com aspas) vociferam ideias que bailam entre o delírio e o crime. Lá atrás, a turma celebrava atos com ibope acima dos 100 mil e até 200 mil pessoas. Parece que o fanatismo arrefeceu.
Bolsonaro não deve confundir apoio em massa com a postura de fundamentalistas. Ovacionado por dezenas de lunáticos em aeroportos, o Messias acha que pode replicar esses lances em grandes concentrações. Mas uma coisa nada tem a ver com a outra. Perturbados vão continuar com ele, como o pessoal que reza para pneus.
Sim, tirante os delinquentes “religiosos”, gente como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema estava por lá. Outros nomes de alto nível que estiveram no fiasco: Magno Malta, Waldemar da Costa Neto, Gustavo Gayer e Flávio Bolsonaro. Caberia uma investigação pelos sinais evidentes de formação de quadrilha. Haverá outros comícios?
Um daqueles “pastores” citados é o nervosinho Sóstenes Cavalcante, líder da bancada do PL na Câmara dos Deputados. Além de integrar a gang do saque no Congresso Nacional, assumiu o papel de defensor intransigente do golpismo. Por esse sujeito, o país teria de inventar uma “anistia geral” para Bolsonaro e demais réus no STF.
Não vai acontecer. Até outubro, o Supremo deve anunciar sentença para o ex-presidente. Cogita-se algo perto de 40 anos de prisão. Ele está fora de 2026 e da vida pública em geral. Nem a gentalha da extrema direita aguenta mais o trambiqueiro de joias e candidato fracassado a tiranete. As ruas também secaram. Sobrou um resto de feira.